Aluno da UESPI fica em segundo lugar no Prêmio ‘Desafio LED’
Para ele, essa vivência destacou a falta de acessibilidade dos livros científicos para estudantes cegos e que precisam de materiais em áudio, quase inexistentes nesse formato
“Vindo de escola pública e do interior do meu estado, sempre ouvi que sonhar grande era ilusão. Mas algo dentro de mim dizia que era possível, que apesar de um sistema que nos faz sempre pensar em desistir, nós também podemos”, disse Raislúcio Leal, aluno do quinto período do curso de Direito da UESPI, campus Prof. Barros Araújo, que ficou em segundo lugar com o “Projeto Aplicativo Voz Ativa” no prêmio “Desafio LED – Me dá uma luz aí!”, iniciativa promovida pela Rede Globo de Comunicação e a Mastertech.
Raislúcio Leal explica que sua inscrição no desafio surgiu de sua experiência como bolsista do Apoio Pedagógico da aluna Carla Gabriele Monteiro, a primeira aluna cega do campus da UESPI de Picos. Para ele, essa vivência destacou a falta de acessibilidade dos livros científicos para estudantes cegos e que precisam de materiais em áudio, quase inexistentes nesse formato.
“Assim, idealizei o aplicativo Voz Ativa, uma plataforma colaborativa para transformar livros científicos em áudio, narrados por voluntários de todo o Brasil, buscando tornar a educação acessível para estudantes com deficiência visual no ensino superior. Sou grato a Carla por me mostrar uma nova perspectiva do mundo; seu exemplo é uma inspiração constante”, afirmou o estudante.
Como forma de demonstrar a viabilidade prática do Aplicativo durante as fases finais do Prêmio foi criado o Projeto de Extensão “VOZ ATIVA: LIVROS ACADÊMICOS EM ÁUDIO”. A iniciativa é coordenada pelos docentes Amélia Coelho Rodrigues Maciel e Luciano Silva Figueiredo.
A docente Amélia Coelho Rodrigues Maciel menciona que o aluno Raislúcio Leal conversou com ela sobre sua ideia para formalizar e criar o projeto de extensão. Ela expressa seu orgulho em ter alunos sensíveis e engajados. “Minha sensação com essa premiação é de orgulho. Orgulho de termos alunos tão sensíveis, que se preocupam com o próximo e com colegas que enfrentam limitações e ainda são premiados. Para mim, ser professora e colaborar com projetos que beneficiam outros alunos que têm limitações visuais já é um grande prêmio.”
De acordo com o aluno, ser um dos grandes vencedores de uma das maiores premiações de educação e tecnologia do país aos 21 anos é algo que ele ainda está processando. Além disso, ele destaca a importância do projeto para todo a comunidade.
“É uma honra ser o primeiro piauiense a chegar à final desse prêmio. Sinto que cada conquista minha é uma porta aberta para aqueles que tiveram a mesma origem humilde. O Voz Ativa será uma verdadeira política de inclusão e permanência para alunos com deficiência visual no ensino superior, capaz de transformar a educação brasileira ao combater a evasão de alunos cegos e reduzir as desigualdades educacionais. Como é uma iniciativa colaborativa, também fortalecerá os laços de empatia e solidariedade entre ouvintes e gravadores, promovendo uma sociedade mais justa e acolhedora”.
Fonte: UESPI