Eu me lembro do meu primeiro ano no curso de comunicação, em 1987. Nem lembro qual disciplina pagava, mas tinha um trabalho a entregar a respeito da história da radiodifusão no Piauí.

Me sugeriram ir à Rádio Pioneira falar com o professor Carlos Said que ele me falaria do assunto com propriedade.

A princípio achei meio complicado. Não achei que seria possível conversar com Carlos Said. Afinal que segurança eu teria de que alguém tão importante me receberia? Eu, um calouro de faculdade. Ele, uma lenda do rádio piauiense.

Fui.

Ele me recebeu.

Falei do que eu precisava.

Estava nervoso, nem acreditava. Era o Carlos Said. Eu ouvia ele, quando adolescente na Rádio Pioneira em Pedro II.

Ele disse que não podia falar, mas falou que entendeu o que eu precisava. Pediu que retornasse no dia seguinte. A princípio achei que ele não ia mais me receber.

Fui.

Ele me presenteou com um escrito feito à máquina de escrever e assinado por ele contando toda a história do início do Radio piauiense.

Era um documento de mais ou menos duas laudas.

Foi através deste documento que descobri (ou aprendi) entre outras coisas que a antiga ou finada Rádio Difusora de Teresina pertencia aos Diários Associados, empresa de propriedade do Assis Chateaubriand.

Carrego desta experiência três coisas.
1 - A emoção e o respeito a Carlos Said
2 - A certeza da sua grandeza e simplicidade
3 - O arrependimento de não ter tido a sensibilidade de guardar essa carta. Um documento assinado por Carlos Said, especialmente para um calouro do curso de Comunicação da UFPI.