Professor não-ouvinte leciona em escola onde estudou e inspira novos alunos surdos da Rede Estadual
Estudante da Rede Regular durante a infância e adolescência, foi no Centro de Capacitação que ele pôde expandir seus horizontes e percebeu que, a partir dali, teria como missão ensinar e inspirar novos educandos surdos
Professor do Centro de Capacitação de Profissionais da Educação e de Atendimento às Pessoas com Surdez (CAS) há nove anos, Douglas Machado afirma se sentir nostálgico, ao observar o crescimento e desenvolvimento dos novos estudantes surdos da escola.
Assim como seus alunos, foi no CAS, onde chegou ainda em 2006, que ele percebeu que poderia seguir na carreira de docente. Estudante da Rede Regular durante a infância e adolescência, foi no Centro de Capacitação que ele pôde expandir seus horizontes e percebeu que, a partir dali, teria como missão ensinar e inspirar novos educandos surdos.
“Foi aqui que aprendi Libras e outros cursos que me auxiliaram no Ensino Médio e a ter perspectiva de futuro. Diante disso, escolhi ser professor e formar novos profissionais. Me sinto feliz pelas pessoas que encontrei e por conseguir contribuir com a comunidade”, conta o professor.
A presença de Douglas, como um dos primeiros professores não-ouvintes do Centro, instiga alunos que compartilham das mesmas condições e que pouco se reconhecem nos processos tradicionais de ensino. “Meu objetivo também é que as pessoas possam se reconhecer em mim e se sintam motivadas a atuar na área. Poder promover e ser exemplo para outros alunos. Boa parte deles está se formando, então eu realmente tenho esse agradecimento à instituição”, afirma.
Alguns desses estudantes agora são seus colegas de profissão. Ex-aluno de Douglas, Marcos Neto também tem a docência como carreira. A presença e capacidade do antigo mestre foram determinantes para a sua escolha profissional. “O Douglas me ensinou em um curso de libras, aqui no CAS. Eu sou ex-aluno e estava nesse processo de aprendizado. Ele me instigou muito, porque eu comecei a assimilar como seria atuar enquanto professor e ter ele como modelo, me ajudando nesse processo de crescimento” revela Marcos.
A cumplicidade dos, agora, amigos é combustível para a nova geração. Assim como a dupla, o CAS conta, atualmente, com outros 12 professores surdos. Além das aulas para estudantes não-ouvintes, eles também atuam na formação em Libras de novos profissionais intérpretes e na produção de material em vídeo, voltado para as salas de Atendimento Educacional Especializado (AEE).
“No CAS, sempre tive essa motivação e incentivo. Sou muito grato à instituição. Eu escolhi e atuo hoje como professor porque percebi que não tinha outros professores surdos e eu queria lutar para que eu pudesse ensinar esses alunos”, pontuou Douglas.
“O Douglas é um grande amigo. Eu realmente sentia muito nervosismo nesse processo de educar e ele me ajudou nesse meu crescimento profissional. Hoje eu atuo enquanto professor aqui no CAS, também, e tenho ele como modelo”, agradece Marcos.
Sobre o CAS
O CAS promove a Educação Bilíngue por meio da Formação Continuada com o Curso de Iniciação à Língua Brasileira de Sinais (Libras), Curso de Libras (Intermediário), Curso Prático de Libras, Curso de Formação Tradutor Intérprete de Libras (TILS), Curso de Formação de Instrutores para Surdos (FIS), Curso de Libras Avançado para a Comunidade Geral, Curso de Formação de Professores Bilíngues em Português, Formação Continuada em Atendimento Educacional Especializado (para professores das salas multifuncionais) e Curso Preparatório para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e vestibular da UFPI (Letras – Libras).
Fonte: Seduc