trabalho - 19/07/2025 - 12:00

82% dos acidentes laborais têm relação direta com condições de trabalho

Números foram apresentados no II Encontro Nacional do projeto Caminhos do Trabaho, que é coordenado pela Fundacentro



Foto: Agencia Gov

O projeto Caminhos do Trabalho, coordenado pela Fundacentro, atendeu 1 .039 pessoas individualmente até junho de 2025 , das quais 93,6% relatam ter sofrido acidentes laborais. Houve identificação de nexo entre agravo e trabalho em 82,3% dos atendimentos, 11,3% ainda estão sob investigação e 6,4% não tiveram nexo causal constatado.

Esses números foram apresentados no II Encontro Nacional do Caminhos do Trabalho, realizado nos dias 14 e 15 de julho, em Salvador/BA, na SRTE/BA (Superintendência Regional do Trabalho e Emprego na Bahia).

Os trabalhadores indicaram agravo osteomuscular em 46% dos atendimentos e adoecimento psíquico em 46%. O nexo com o trabalho foi constatado em 87,3 % e 84, 8% desses casos , respectivamente. Eles também relataram movimentos repetitivos (77,7%), uso de medicação (71,6%), ritmo acelerado (58,4%), tristeza (52,3%) e assédio no local de trabalho (38,6%). Em 64% dos atendimentos, houve relato de exigência demasiada de si , e o trabalho foi considerado penoso em 52%.

As pessoas atendidas são de 17 unidades federativas e 305 atividades econômicas, atuando em 165 cidades. A maior parte dos atendimentos ocorreu em Minas Gerais (367), seguido por Bahia (306) e Santa Catarina (137). O projeto ainda está presente no Amazonas, Ceará, Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraíba, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, São Paulo, Sergipe e Tocantins.

Outra informação foi de como elas chegaram até o projeto: 249 por indicação de outro trabalhador, 203 por meio de fluxo interno de Hospital, pelas unidades da Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares), 113 via sindicato ou associação de classe, 79 indicados por Cerest (Centro de Referência em Saúde do Trabalhador) , Caps ( Centro de Atenção Psicossocial ) ou qualquer órgão do SUS (Sistema Único de Saúde) e 69 por busca ativa de integrante do projeto.

O projeto Caminhos do Trabalho oferece orientação jurídica, atendimento médico com foco na avaliação do nexo entre o agravo e o trabalho, emissão de Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) e outros documentos pertinentes a cada caso, apoio jurídico nas searas trabalhista e previdenciária, entre outros serviços gratuitos. As atividades ocorrem por meio de parceria entre a Fundacentro e universidades públicas em 13 cidades do país. Saiba mais.

Diálogo

O II Encontro Nacional do Caminhos do Trabalho permitiu que os membros compartilhassem aprendizados acumulados . Representantes das unidades do projeto – UFBA (Universidade Federal da Bahia) , UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) , UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora) , UFU (Universidade Federal de Uberlândia) , UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) , UFMA (Universidade Federal do Maranhão) , UFF (Universidade Federal Fluminense) e Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e, à distância, da UnB (Universidade de Brasília) , UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) , UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) e UFT (Universidade Federal do Tocantins) – dividiram suas experiências , desafios e perspectivas práticas. Assim puderam observar dificuldades em comum e pensar soluções .

O evento contou com três mesas de debate. Na primeira, o professor da UFBA, Paulo Pena, a advogada e doutoranda da UFMG, Carol Brasileiro , e a pesquisadora da Fundacentro, Maria Maeno , discutiram os argumentos empresariais para afastar o nexo entre agravo e trabalho e os desafios das perícias do INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social) .

A segunda mesa – “Acesso aos benefícios previdenciários a empregados e trabalhadores autônomos: casos em que empregadores e tomadores de serviço deixam de pagar ao INSS” – contou com as palestras do procurador do trabalho Ilan Fonseca de Souza e do procurador federal Osvaldo Almeida Neto.

Souza e Almeida Neto responderam dúvidas dos membros do projeto sobre o tema e se mostraram abertos a manter o diálogo com a Fundacentro pela melhoria de procedimentos previdenciários que dificultam o acesso a benefícios acidentários.

Já a terceira abordou a identificação do nexo entre adoecimento psíquico e trabalho, que é preocupação compartilhada pelas unidades do projeto . Teve apresentações do psiquiatra Carlos Tadeu, do médico Roberto Ruiz e do professor da UFF Bruno Chapadeiro.

A atuação colaborativa entre as instituições com o objetivo de combater a ocultação do adoecimento laboral também esteve em pauta nas falas de autoridades na mesa de abertura . Participaram o presidente da Fundacentro , médico Pedro Tourinho, o procurador-chefe da Procuradoria Regional do Trabalho da 5 ª Região , Maurício Ferreira Brito, a chefe do Setor de Fiscalização em Segurança e Saúde do Trabalho da STRE /BA , Lidiane de Araújo, a juíza do Tribunal Regional do Trabalho da 5 ª Região ( TRT5 ), Adriana Manta, a diretora de Atenção à Saúde da Ebserh , Viviane Reis Couto, e o coordenador nacional do Caminhos do Trabalho , Vitor Filgueiras .


Fonte: Agencia Gov