Professores explicam consequências das mudanças climáticas no Litoral do Piauí
Os professores Cezar Fernandes e Anderson Guzzi, da Universidade Federal do Delta do Parnaíba, explicam algumas ações no meio ambientes provocados pelo avanço do mar, que vêm provocando desequilíbrios no meio ambiente na região
O litoral do estado do Piauí e o único Delta das Américas em mar aberto estão na lista dos locais ameaçados pelas mudanças climáticas no planeta, que são transformações a longo prazo nos padrões de temperatura e clima, principalmente causados por atividades humanas, especialmente a queima de combustíveis fósseis. Os professores da Universidade Federal do Delta do Parnaíba (UFDPar) dos cursos de Engenharia de Pesca, Cezar Fernandes, doutor em Recursos Pesqueiros e Aquicultura; e do professor do curso de Biologia, Anderson Guzzi, doutor em Zoologia; explicam algumas ações no meio ambiente provocadas pelo avanço do mar, que vêm provocando desequilíbrios no meio ambiente na região.
A floresta de mangue presente na praia de Macapá, localizada no município de Luís Correia, está morrendo, a explicação, segundo Cezar Fernandes, é devido ao aumento da sanilização da água em decorrência do avanço do mar sobre a foz dos rios Cardoso e Camurupim. O mangue está entre os ecossistemas de maior capacidade de absorção e armazenamento do oxido de carbono, fazendo dos mangues um aliado natural na luta contra o aquecimento global.
Além da vegetação, o equilíbrio da fauna também está ameaçado. Os peixes estão deixando de habitar a região. “Em função da sanilizacão estamos perdendo algumas espécies de peixes, que não se fazem mais presentes, onde o mar está com mais força do que o volume de água que vem do continente para o mar, como efeito de avanço da água do mar dentro do ambiente de manguezal em que se esperava um fluxo de maneira mais equilibrada”, justificou Fernandes.
O nível da sanilização das águas também afeta a oferta e o tamanho dos peixes, como explica Fernandes: “Na medida que avançamos para o lado direito no sentido do estado do Ceará, os ambientes já estão salinizados e já não tem os mesmos peixes, já não podem frequentar os mesmos ambientes, e quando ocupam, eles vão em intensidades populacionais menores e tamanhos menores”, detalha.
As aves também vêm sofrendo com as mudanças, para Anderson Guzzi, o delta é um ponto de passagem de várias aves migratórias, que vêm da América do Norte, como a espécie de Maçaricos, que estão ameaçados de extinção por conta do o avanço do mar sobre as áreas de alimentação dos pássaros. “Subindo o nível dos oceanos, essas áreas de alimentação diminuem, e aí pode ser que eles percam esse ponto de invernada. São alterações físicas que acontecem ao longo do tempo, e o homem está acelerando esse processo”, explicou.
Fonte: UFDPar