Cooperação entre Hemopi, Hemopa e Hemoce garante transfusão para paciente com sangue raríssimo
Rede de hemocentros viabiliza doação para criança com anemia falciforme em Belém; doador compatível foi localizado no Piauí.
A rede de cooperação entre os hemocentros brasileiros voltou a se mobilizar para salvar vidas. Uma articulação entre o Hemopa, o Hemoce e o Hemopi garantiu a transfusão de sangue para uma criança com anemia falciforme internada em Belém (PA), portadora de um fenótipo sanguíneo raríssimo, identificado como RzRz.
O pedido partiu do Hemopa, após os testes obrigatórios confirmarem a raridade do sangue da paciente. A condição é caracterizada pela ausência de determinados antígenos comuns na população, o que torna o processo de compatibilidade mais complexo e delicado.
A busca por um doador compatível foi feita por meio do Cadastro Nacional de Sangues Raros (CNSR), que está sob a gestão da Coordenação Nacional do Sangue do Ministério da Saúde, identificando um doador com o mesmo fenótipo cadastrado no Hemoce. O doador, no entanto, estava em São Raimundo Nonato, no sul do Piauí.
Para viabilizar a doação, o Hemopi articulou a logística necessária, possibilitando que o empresário José Helder Moraes realizasse o procedimento no Hemocentro Regional de Floriano, a unidade de coleta mais próxima.
“Houve uma cooperação muito grande para que eu fizesse essa doação de sangue. Agradeço pela oportunidade de ajudar e pelo empenho de todos, desde o momento da ligação que recebi de Fortaleza até a doação em Floriano, onde fui muito bem recebido”, relatou o doador.
De acordo com o supervisor do Laboratório de Imunohematologia do Hemopi, o biomédico Pedro Afonso Sousa, o Hemopi é um dos centros que possuem estrutura especializada para a fenotipagem sanguínea, exame que identifica a presença ou ausência de antígenos e anticorpos no sangue.
“Realizamos de 10 a 15 testes por dia em amostras de doadores. A identificação desses fenótipos é essencial para garantir transfusões seguras e evitar reações transfusionais. É um trabalho minucioso que ajuda a salvar pacientes dentro e fora do Estado”, explica o biomédico.
O fenótipo RzRz é considerado extremamente raro — no Brasil, há apenas nove doadores cadastrados com esse tipo de sangue: um no Norte, sete no Nordeste e um na região Sudeste. Segundo Pedro Afonso, pacientes com anemia falciforme que necessitam de transfusões repetidas têm risco aumentado de desenvolver anticorpos contra outros antígenos, tornando futuras transfusões ainda mais complexas.
O diretor geral do Hemopi, Rafael Alencar, falou que esse caso demonstra, de forma muito concreta, a importância da cooperação entre os hemocentros brasileiros e do fortalecimento da rede pública de sangue no país.
“Graças à integração entre o Hemopi, o Hemopa, Hemoce e a Coordenação Nacional do Sangue, foi possível salvar a vida de uma criança portadora de um tipo sanguíneo extremamente raro. Esse tipo de articulação só é possível porque há um trabalho contínuo de identificação e cadastro de doadores em todo o Brasil, o que reforça a necessidade de mantermos os estoques abastecidos e de estimularmos a doação voluntária e regular. Cada doador pode ser a esperança de alguém, especialmente em situações delicadas como essa.”
O sistema ABO, descoberto no início do século XX pelo biólogo austríaco Karl Landsteiner, é o mais conhecido entre os sistemas de classificação sanguínea. No entanto, conforme a Sociedade Internacional de Transfusão Sanguínea (ISBT) existem hoje 47 sistemas reconhecidos, que descrevem mais de 360 antígenos diferentes, alguns deles extremamente raros — como o da paciente atendida em Belém.
O Hemopi reforça que todas as suas unidades — Teresina, Parnaíba, Picos e Floriano — estão abertas para doação de sangue de segunda a sexta-feira, das 7h15 às 18h, e aos sábados e feriados até às 17h.
Fonte: Hemopi



